quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Cobertura Shows Anime Friends 2007






Pedaço de Mal Caminho

“De alguma forma, a dor de dentro dos seus olhos é apenas o começo...”

Tédio. Isso resume toda a madrugada de um universitário em férias. Falemos a verdade, todo mundo está com o maior tédio, as férias possuem seu lado de diversão (pois é, você está de férias), mas, também, o tédio domina a todos, como no meu caso. Exatamente agora, meia noite e algo, estou escrevendo este texto, que, provavelmente, poucas pessoas olharão para ele, algumas não estarão nem ai para tudo que estou escrevendo aqui (se ele for lido).

Como sempre, coloquei uma trilha para a minha madrugada, que, na seleção, acabei optando pelo novo trabalho do Hangar, The Reason of Your Conviction. Lançado esse ano, exatamente este mês, o álbum conta “a história de uma pessoa comum que, após ter ficado adormecida por três dias, sente algumas perturbações mentais e resolve mudar completamente sua vida, buscando novas aventuras e tentando ter novas sensações. Durante esse sonho, vozes o ensinam todas as frases secretas para sua vida fazer algum sentido. Essas frases estão incompletas e seu complemento deverá se encontrado através das experiências vividas pelo personagem principal. Após o sonho, tudo pode ser visto de uma outra maneira e não só ele percebe que agora não é mais a mesma pessoa como todos que estão à sua volta também percebem isso”.

Sim, sim, sim, o famoso trabalho conceitual que todos conhecemos muito bem e que muitos, no heavy metal, já lançaram; logo, nenhuma novidade. Mas, preste atenção na idéia do cd, uma história interessante pelo menos. Não sei o porque, mas toda a déia do deste trabalho lembra o clássico Operation Mindcrime, do Queensrÿche. Nada de cavalos alados, dragões e caralhos a quatro. A história tem por idéia central mostrar a mente humana, sonhos, aprendizagem, sentimentos profundos. Dei uma passada de olho em todas as letras, realmente é um trabalho que vai além de qualquer disco comum; o fará refletir e ter diversas sensações enquanto o escuta ou, até mesmo, o lê. Acho devidamente justa a leitura de todas as letras em ordem para se ter uma idéia de toda a trama, realmente genial. Ponto para Aquiles Priester. Pode-se tirar daí um filme ou, quem sabe, uma história em quadrinhos, talvez consigam esses meios transmitir toda a essência das letras, juntamente, mais tarde, com a música. Perturbação, é o que importa!! O trabalhar da mente humana intriga há séculos a muitos estudiosos e até mesmo o idealizador do cd, que possui uma quedinha por serial killers e suas histórias.

Vamos à sonoridade. Na primeira ouvida me lembra qualquer banda Power Metal atual, realmente não botei fé no disco. Porém, após escutar cuidadosamente defini The Reason of Your Conviction como: “o disco que o Masterplan sonhava em compor”; simples, não? “Nossa, mas que cara exagerado”, não amiguinho da poltrona, apenas estou sendo sincero. O som do álbum chega a ser muito parecido com o primeiro álbum do falecido, brincadeira, Masterplan – Masterplan. Escuto e realmente imagino Jørn Lande se esguelando no microfone, Roland Grapow arregaçando as guitarras e Uli Kusch maiando a bateria. Bom, The Reason of Your Conviction não é uma cópia de Masterplan, o trabalho possui sua cara e dos integrantes do Hangar – especialmente Aquiles Priester, que traz toda a “pegada” na bateria e mensagem nas letras.

Os vocais de Nando Fernandes fazem a diferença para o disco, uma voz agressiva e que em momentos - Call me in the name of death – se torna suave e harmônica; a maneira rasgada ajudou na minha idéia do álbum “marterplanizado”, Nando consegue chegar próximo a voz de Jørn Lande. A mudança de vocais para esse novo álbum, acredito que, foi o ponto central da inovação do trabalho.

A vontade é de comentar faixa por faixa, a cada música é um sentimento, uma idéia, um som diferente. Destaco “The Reason of Your Conviction”, “Hastiness”, “Captivity (a house with a thousand rooms)”, “Call Me in The Name of Death” e “When The Darkness Takes You”; escutem, é de outro mundo. A pausa temporaria da banda Angra foi, talvez, para Aquiles Priester uma das melhores coisas para que este disco tenha saído quente e trabalhadíssimo, o tempo gasto não foi desperdiçado.

“The Reason of Your Conviction” foi um dos grandes lançamentos do ano de 2007, que, para outras bandas, foi um ano de muito proveito. Uma porrada de ótimos discos foram lançados esse ano e, no metal, o trabalho do Hangar está entre eles.

Força na peruca!

Hangar - The Reason of Your Conviction - 2007

01. Just The Beginning
02. The Reason Of Your Conviction
03. Hastiness
04. Call Me In The Name Of Death
05. Forgive The Pain
06. Captivity (A House with a thousand rooms)
07. Forgotten Pictures
08. Everlasting Is The Salvation
09. One More Chance
10. When The Darkness Takes You
11. Your Skin and Bones (Bonus Track for Japan)

(Texto publicado no site Whiplash, 2008)

Urbano






Reflexos


Destino: Realidade

Richie Kotzen 2007







Karaokê dos desenhos

No Japão, mais do que em qualquer outra parte do mundo, as trilhas sonoras têm destaque no mercado fonográfico. Tratadas como um gênero independente, as animesongs, que são as músicas feitas especialmente para os desenhos animados japoneses – chamados animês –, possuem seu próprio espaço nas lojas de CDs na Terra do Sol Nascente.

Constituindo um gênero único, as animesongs produzem seus próprios hits e estrelas. Hironobu Kageyama, atualmente o maior nome no segmento, gravou no final dos anos 80 o tema Cha-la Head-Cha-la, abertura de Dragon Ball Z, um dos principais hinos dessa cultura. Kageyama também deu voz as canções de Changeman e Cavaleiros do Zodíaco, através das quais ganhou fama até no Brasil, onde todos os anos junta cerca de cinco mil pessoas em eventos especializados.

Segundo o jornalista e tradutor Ricardo Cruz, as animesongs são um braço forte do mercado musical japonês. O estilo possui seus próprios artistas que produzem músicas exclusivamente para os animês, e também para games, fazem seus próprios shows e, além disso, possuem as próprias gravadoras. “No Brasil, não há um segmento só para trilha sonora; o máximo que tem é trilha de novela. Já no Japão, animesong é uma indústria de grande porte e que cresce cada vez mais, ainda mais agora com o apoio e o interesse não só de japoneses, mas como de fãs do mundo inteiro”, comenta o jornalista.

Nos últimos anos, as animesongs têm sido a ponte de ligação entre os brasileiros e o mundo da música japonesa. Muitas trilhas já mostradas no Brasil foram mantidas intactas, fazendo com que fãs cantarolassem as músicas dos heróis mesmo não entendendo o que diziam. Embora as músicas originais possuíssem certa fama entre os fãs, existem versões traduzidas, como em todo lugar do mundo, para os temas de animês.

“Sou a favor de traduzir as músicas em versões bacanas; em versões produzidas por músicos mesmo. É o que começou a acontecer a partir da Pegasus Fantasy, tema dos Cavaleiros do Zodíaco”, explica Ricardo Cruz. “A versão em português de Cavaleiros foi cantada pelo Edu Falaschi, vocalista da banda Angra. Isso é bem bacana porque identifica aquela abertura com o público, as pessoas conhecem, o Edu é um vocalista ‘bacana’; além da música ser muito boa também”, continua.

O público brasileiro das animesongs é grande. O Anime Friends, o maior evento de animês, mangás e cultura pop japonesa da América Latina, que acontece todos os anos em São Paulo, reuniu 20 mil pessoas em sua primeira edição, em 2003. O público do gênero é tão grande graças à Internet, que facilita muito o contato entre os interessados, até mesmo fazendo o número de fãs crescer. “Como qualquer área de interesse, na internet você dá alguns poucos cliques e se tem acesso a tudo relacionado a esse nicho”, explica o jornalista. Além disso, o Brasil é o país que mais oferece shows ao vivo dos artistas de animesongs, fora, evidentemente, o próprio Japão.

“A cada ano, o sucesso vai crescendo, o número de cantores aumenta e o número de público também. Tudo isso ajudou a criar esse nicho, esse público sedento por novidades aqui no Brasil atualmente.”

Invasão da cultura pop japonês por meio dos quadrinhos

Com suas características únicas, os mangás conquistam mais fãs a cada ano.

Inaugurada por Cavaleiros do Zodíaco em 1994, reforçada por Dragon Ball e Pokémon e maximizada por Naruto, a mania pelos quadrinhos (mangás) e desenhos (animês) japoneses no Brasil é inegável. No seu auge, entre 2000 e 2001, alguns títulos chegaram a ter tiragens de 200 mil exemplares quinzenais. Hoje a tiragem média é de respeitáveis 30 mil, mas os mangas seguem inspirando tendências e refletindo uma cultura de massas que, apesar de uma origem do outro lado do planeta, possui uma linguagem universal.

O comerciante Ricardo Zanetti, 27, acredita que tais títulos fizeram tanto sucesso por conta do roteiro bem elaborado, pelo toque de comédia em certas partes e “pela lição de vida que podemos encontrar nas histórias”. “Outra característica de sucesso é o fato de as pessoas verem elas mesmas na pele do personagem. Eles são humanos como a gente. Acho que não saímos voando por ai e soltando raios”, comenta o comerciante.

Além de o personagem ser mais humanizado que os demais quadrinhos, os mangás possuem o visual e a linguagem próprios e diferenciados. Mesmo fazendo parte do mesmo nicho, os comics (quadrinhos americanos) e os quadrinhos japoneses possuem características evidentemente distintas. A diferença visual mais característica está na ordem da leitura. O HQ japonês começa pelo que seria o fim do livro ocidental e seus quadros são lidos da direita para a esquerda.

Os estudantes Ana Beatriz Sá, 18, e João Carlos Nogueira, 16, acreditam que a originalidade está na diagramação dos quadros. “É interessante ver como os desenhos são colocados de forma diferente dos outros quadrinhos. Nota-se, também, que há uma grande preocupação com detalhes e como os cenários e personagens serão colocados para explicar melhor a história”, explicam. A estudante Carolina Rodrigues, 17, diz que começou a se interessar por mangás há cerca de sete anos, antes mesmo de saber o que era o estilo. “É bem fácil notar a diferença entre desenhos orientais e ocidentais. Enfim, eu já gostava e nem sabia”, explica Carolina.

Enquanto os comics (americanos) e os fumetti (europeus, especificamente italianos) possuem uma distribuição mais tradicional, para não dizer quadrada, os mangás optam e possuem certa liberdade no estilo. Com isso, notam-se quadros mais angulados, às vezes nem existindo uma caixa para “segurar” o desenho, e com personagens estourando as margens traçadas, ou seja, extrapolando suas áreas demarcadas. ”Os quadrinhos japoneses tem como principal característica a estética estilizada e a associação desta estilização com uma narrativa cinematográfica”, explica Daniel HDR, desenhista e ilustrador gaúcho que usa o estilo mangá produzindo para o mercado americano. “Diversos elementos gráficos a caracterizam, criando uma linguagem própria, que é quase que emblemática, e associa tudo à arte de movimento das cenas e as linhas de ação, chamadas speedlines”, completa. Nos Estados Unidos, Daniel ajudou a redefinir o estilo dos quadrinhos de super heróis, que atualmente tem um estilo similar aos mangás.

No Brasil, antes do auge do mangá, já existiam certos títulos que anos mais tarde se tornariam clássicos dos quadrinhos, como Akira e Lobo Solitário. Mas foi no ano 2000, com publicações de Samurai X, Cavaleiros do Zodíaco e Dragon Ball, que o mangá começou a expandir seus horizontes. Só a Conrad Editora imprimia cerca de 400 mil exemplares quinzenais entre seus títulos de maior sucesso.

Antes disso, os fãs, principalmente os não-descendentes, sofriam para encontrar seus mangás favoritos ou qualquer outro produto relacionado com os heróis japoneses. Além das incansáveis buscas pelo bairro da Liberdade, havia outro fator que dificultava a vida dos admiradores: o idioma. Os admiradores tinham que consumir o produto em sua língua nativa, o japonês.

Fabiano Otaguro, 24, lê mangás desde 1990 e acredita que o seu interesse pela língua japonesa veio da vontade de entender seus quadrinhos favoritos. “Comecei a ler mangás um pouco cedo, primeiro por conta da influência familiar e, segundo, porque meu pai morava no Japão na época. Ele sempre mandava alguma novidade interessante e eu queria entender”, explicou Otaguro.

Esse carinho pelos quadrinhos japoneses, além da vontade de se ter um material traduzido em mãos, fez com que surgissem autores nacionais – muitas vezes sem um sobrenome oriental – que produzem seus trabalhos no estilo mangá. São artistas que cresceram lendo as HQs japonesas, analisaram e captaram cada detalhe do diferente estilo gráfico que define o mangá e que sonham em, algum dia, publicar no Japão.

"O mangá brasileiro tem características próprias, pois se aculturou, assim como os japoneses imigrantes se aculturaram ao Brasil", explica Sônia Luyten, doutora em Ciências da Comunicação pela Escola de Comunicações e Artes da USP e autora do livro Mangá - O poder dos quadrinhos japoneses. "Eu chamo essa aculturação de hibridização de estilo. Foi o caso da Holy Avenger e do livro Mangá Tropical, com enredos passados no Brasil", completa.

Apesar da quantidade de aspirantes a mangaká (termo japonês para autores de mangás), conseguir espaço nas bancas ainda é complicado. Em parte, pela concorrência direta com os originais do Japão e, também, pela carência de histórias originais, não tão “inspiradas” por outros títulos nipônicos.

Para o desenhista Alexandre Nagado, organizador do almanaque Mangá Tropical, que reúne diversas histórias ambientadas no Brasil, o jeito nipônico de fazer quadrinhos pode ter vários adeptos, mas não garante sucesso profissional. "No Japão o mercado é grande e os autores têm espaço para amadurecer", analisa. "Aqui, falta uma estrutura e investimento das editoras para criar e manter revistas que paguem ao autor o mínimo para ele subsistir e continuar se aperfeiçoando”, continua. “Sem um mercado duradouro, não haverá um amadurecimento de um bom número de autores.”

(Texto produzido no segundo semestre de 2008, segundo ano de faculdade)

Na Praia

Certamente já ouvimos a expressão “nasci na época errada”; sou uma dessas pessoas que em roda de amigos solta esse tipo de frase. Muitos de meus amigos concordam com a afirmação, devido a minha maneira de ser, pensar, de falar sobre, e, até mesmo, ouvir música. Na época em que vivemos, podemos encontrar um pouco de tudo de cada época, principalmente por conta de determinadas coisas que são imortalizadas com o tempo.

Nota-se certa magia por trás das décadas que cativam um determinado grupo de pessoas; existem pessoas que acreditam que certos anos foram os melhores, por exemplo, os anos 60. O início da década de 60 representou a realização de projetos culturais e ideológicos alternativos lançados na década de 50, conhecida por ser marcada por uma crise no moralismo rígido da sociedade. Podemos dizer que a década de 60, seguramente, não foi uma, foram duas décadas. A primeira, de 1960 a 1965, marcada por um sabor de inocência e utopia nas manifestações sócio-culturais. A segunda, de 1966 a 1968, em um tom mais ácido, revela as experiências com drogas, a perda da inocência, a revolução sexual e os protestos juvenis contra a ameaça de endurecimento dos governos. Um dos maiores exemplos “dessas duas décadas” está na evolução dos Beatles.

Toda essa explicação foi para entender um ponto do compacto romance Na Praia (Companhia das Letras, 2007), de Ian McEwan. O ano? 1962, início das mudanças morais e de comportamento. Local? Um hotel na praia de Chesil, próximo ao Canal da Mancha. Mas para que? Uma linda e romântica noite de núpcias de Edward e Florence, que não dará muito certo. Ele é um rapaz recém-formado em história; sua mãe tem problemas mentais, e o pai é professor secundário. A noiva é uma violinista promissora, líder de seu próprio quarteto de cordas, filha de um industrial e de uma professora universitária de Oxford.

McEwan deixa claro, no primeiro parágrafo do livro, o que ele desenvolverá: "Eram jovens, educados e ambos virgens nessa noite, sua noite de núpcias, e viviam num tempo em que conversar sobre as dificuldades sexuais era completamente impossível." Ao longo da narrativa, em terceira pessoa, conhecemos o ponto de vista e as expectativas de Edward e Florence com relação à noite de núpcias. As expectativas são totalmente distintas, Edward sonha muito com sua primeira vez tanto adiada; já Florence tem a sensação de “repulsa física”, “horror visceral” e uma “náusea irremediável, tão palpável quanto um enjôo no mar” quando se trata apenas em pensar no ator sexual.

Interessante é o envolvimento que o autor consegue transmitir para o leitor com o clima de ansiedade crescente desenvolvido, quem lê sente como se fosse um espectador privilegiado ao desenvolver da história. Presenciamos a falta de assunto entre o casal durante um jantar constrangedor, na suíte nupcial, “observados” pelos dois garçons; ou as estratégias de Edward para conseguir seu objetivo maior em confronto com as táticas de Florence para atrasar cada vez mais este objetivo “natural” do casamento. Porém, essas táticas não ajudaram tanto a violinista a atrasar a consumação do casamento, ao contrário, cada vez mais Florence complicava sua situação perante Edwad, que acreditava que sua amada também desejava o mesmo que ele.

O romance articula um drama específico, intransferível, ao tema universal do momento de passagem da inocência ao conhecimento, ponto de inflexão do indivíduo, em todas as épocas. Nesse momento é que nasce o livro e sua idéia central. Mas, se Edward e Florence tivessem vivido em outra época – diferente dessa época inocente, e sofrendo transformações, em que estavam -, certamente não seria uma tragédia, e, sim, apenas mais uma história de amor. A história não terminaria da maneira que lemos, apenas teria mais um final feliz e óbvio no meio da literatura.

Impunidade?

O caso Isabella chocou todo o Brasil, gerando muita polêmica. Mas, como todo esse caso começou?

No final da noite de 29 de março, a menina Isabella Oliveira Nardoni, de 5 anos, foi encontrada caída no jardim do prédio em que o pai mora, na zona norte de São Paulo. Ela estava em parada cardiorrespiratória. O Corpo de Bombeiros foi acionado e tentou reanimar a menina, sem sucesso. O pai de Isabella, Alexandre Nardoni, 29, e a madrasta, Anna Carolina Trotta Peixoto Jatobá, 24, foram levados ao 9º DP (Carandiru) para prestar depoimento, logo após a constatação da morte da garota. Isabella vivia com a mãe, porém visitava o pai a cada 15 dias. O pai, em seu depoimento, disse que, naquela noite, chegou ao edifício de carro, com a mulher e os três filhos dormindo. Disse que levou a garota para o apartamento, colocou na cama e a deixou dormindo. Conforme a versão de Nardoni, quando ele voltou ao apartamento, percebeu que a luz do quarto ao lado do de Isabella, onde dormiam os irmãos dela, estava acesa; que a grade de proteção da janela tinha um buraco; e que a menina havia desaparecido. Em seguida, ele disse ter percebido que o corpo da menina estava no jardim. Nardoni disse, depois, suspeitar que a filha tivesse sido atirada do prédio por algum inimigo seu. Um pedreiro, com quem o pai de Isabella havia discutido cerca de um mês antes, chegou a ser ouvido, mas o envolvimento dele no caso foi descartado.

Após análise do IML, foram achadas lesões incompatíveis com a queda. Surgiram, então, suspeitas de que Isabella tivesse sido agredida antes de cair da janela ou mesmo que ela não tivesse caído, mas sido deixada no jardim, depois de espancada. Segundo os investigadores, Isabella foi morta por seus pais. A madrasta agrediu e estrangulou, e depois o pai a atirou, ainda viva, do sexto andar. Nesse trabalho, não irei me prender aos detalhes do caso, mas, sim, a uma análise de certas questões que julguei importante. O ponto principal do caso não é o seu desenrolar, mas, sim, todas as questões que estão envolvidas e em conjunto com tudo isso.

Um dos principais pontos é sobre a violência infantil. Interessante como uma tragédia tem que ocorrer para que todo o Brasil acorde para um problema sério como o da violência contra a criança. O jornalista Gilberto Dimenstein, em seu site, comenta: “A morte da menina Isabella Nardoni deixou uma extraordinária herança. Ampliou o debate, como nunca, sobre um problema que ocorre no Brasil, mas sem grande repercussão: a violência doméstica contra as crianças.” Detalhe para o “sem grande repercussão”, foi através do caso Isabella que muitas carinhas brasileiras conseguiram atenção para o que estavam sofrendo. Segundo estimativas do laboratório de estudos sobre a infância da Universidade de São Paulo (Lacri), menos de 10% dos casos de violência física e psicológica chegam ao conhecimento das autoridades. A notícia desse infanticídio provocou uma verdadeira comoção nacional em nosso país que bate recordes de violência, cerca de 500 casos de violência infantil por ano.

O caso Isabella permite que os brasileiros reflitam sobre as causas dessa violência e os meios de reduzi-la, pois não é um fenômeno isolado. Com o passar dos dias, vemos mais e mais crimes contra crianças, cada vez mais violentos e absurdos. Como no caso, no Rio de Janeiro, em que a mãe jogou água fervente no rosto do filho de 10 anos enquanto ele dormia. Ou em Goiânia, depois de uma denúncia anônima, a polícia prendeu uma empresária acusada de torturar uma menina de 12 anos, que morava na casa dela. A polícia diz que encontrou a vítima acorrentada e amordaçada na cobertura de um prédio. A própria pressão do dia-a-dia faz com que as pessoas liberem a sua raiva e agressividade como forma de alívio. Um dos principais motivos apontados pelos especialistas para a agressividade é a violência transferida, onde a criança, por ser frágil, torna-se um alvo fácil. Os adultos precisam saber controlar essa agressividade banalizada. Talvez esse seja um ponto para o “sacrifício” de Isabella em rede nacional e para os outros muitos casos. A psicóloga Maria Izabel Rodrigues da Silveira Campos dá as dicas de como combater a violência infantil, “Cada um de nós tem uma responsabilidade diante do ocorrido. Porque precisamos começar a desenvolver a cultura da prática da não violência; que não é fácil, é uma conscientização. E, mesmo consciente, dá muito trabalho, mas vale a pena.”

Não podemos esquecer do carnaval que o caso gerou; será que encontramos camisetas: “Reconstituição do Caso Isabella Nardoni, Eu Fui!”? A garota, como o caso, virou assunto das mesas de bar até ao presidente Lula; duvido que nenhuma conversa, em algum ponto, não chegasse a tocar nesse assunto. Assim como na época da morte do garoto João Hélio Fernandes, também traumatizando e emocionando todo o Brasil. Ou, até mesmo, com o caso do desaparecimento da menina Madeleine McCann, que “foi transformado em hit mundial”, como disse editorialista da Folha, Hélio Schwartsman. Não é apenas a tragédia que nos faz prestar atenção a todos esses casos, mas, sim, o modo como a mídia nos expôs a todos eles. É notável a própria mídia divulgou, de maneira extrema, e colocou até mesmo nas conversas de bar, e na casa do presidente, os casos dessas crianças. “O "caso Isabella" é um drama familiar. Mas bate fundo nos medos e nos dragões que devoram o equilíbrio individual e instigam reações coletivas”, comenta a colunista da Folha, Eliane Cantanhêde; e esse é mais um dos pontos.

Cantanhêde ainda diz que fica a sensação de que Isabella continua sendo asfixiada, maltratada, humilhada e finalmente jogada do sexto andar todos os dias, de manhã, de tarde, de noite, de madrugada. A garota é uma vítima sem fim, pois tanto a mídia quanto as pessoas estão sempre tocando no assunto e, cada vez mais, mexendo nessa ferida. A cobertura desse caso está com cara de telenovela policial, de acordo com o jornalista Alberto Dines “a intensa cobertura dos meios de comunicação estaria transformando o país em um ’fórum de Sherlocks Holmes’”; assim como o mistério do assassinato de Odete Roitman, em Vale Tudo da Rede Globo. A mídia trata o caso como se estivesse elaborando uma novela ao misturar ficção e realidade; a cobertura pode também ser comparada ao reality show Big Brother, onde os participantes são vigiados 24 horas por dia. Correta mesmo foi a decisão da redação UOL para um caso tão complexo, decidiram não amplificar demasiadamente o caso, nota-se que apenas uma manchete sobre Isabella foi publicada e alguns dias mais tarde algumas imagens para entender o caso. Tereza Rangel, Ombudsman do UOL, comentou que “é como se a redação dissesse ‘não vou entrar na comoção ou histeria (dependendo do ponto de vista) que o caso suscitou’.” A cobertura do caso para o UOL foi terceirizado, todo o trabalho ficou por conta da Folha. Rangel ainda adverte que para esse tipo cobertura os cuidados devem ser redobrados, pois “a rigor um caso como esse não deveria ter cobertura extensiva da mídia, porque, se houver algum erro na divulgação de informações, os danos causados são incorrigíveis.”

“Incorrigíveis”, e se o casal indiciado for inocente? O jornalista Alberto Dines avalia que a mídia está esquecendo de uma de suas funções, que é provocar a reflexão: "Ninguém quer pensar, prefere-se acusar, julgar e encerrar o assunto. Todos estão julgando, mas não pensando; tal ato vai do povo à mídia. Certo número de jornais, ou outros meios, optaram em apontar a "culpa do casal", dando pouco destaque a contrapontos. Faltou espaço ao chamado "outro lado". O acerto da Rede Globo foi mostrar a entrevista com o casal Nardoni à nação, eles deram voz aos que não estavam sendo ouvidos; mesmo podendo ser uma grande mentira. Nota-se que todos os meios de comunicação erraram em determinados pontos. “Errar é humano, mas persistir no erro já é burrice”, esse ditado popular pode ser muito bem empregado a esse caso e a Escola de Base; estaria a mídia “dando o mesmo fora” da Escola? Em 1994, o casal de proprietários da instituição de ensino, além de um professor e um casal de pais, foram acusados de abuso sexual de crianças. A mídia cobriu exaustivamente o assunto, parte dela prejulgando os investigados, mas o processo foi arquivado por falta de provas. A vida dos envolvidos na Escola de Base e, agora, os pais de Isabella está marcada para sempre; acredito que uma pequena nota de rodapé contando a “barriga” não resolveria nenhum pouco o inferno que a vida dessas pessoas virou.

Caso os pais da garota sejam mesmo os assassinos, de que adianta serem presos, já que as leis não funcionam da forma que deveriam? Arnaldo Jabor em dois momentos comentou o caso Isabella, um dos comentários foi feito para o Estadão; outro para o Jornal da Globo, ambos no dia 22 de abril. “os ‘condenados’ estão pelas ruas; livres, leves e soltos. Com o crescimento da crueldade, se podemos dizer, as leis de execução penal deveriam ser mais eficientes, rápidas, com punições mais temíveis e relativamente cruéis, violentas e mais rápidas, também. Não há mais como tolerar todos esses crimes horríveis e, muito menos, nossas leis antiquadas; os crimes devem ser estudados e as penas devidamente revistas. A lei deveria ser mais temida, rápida e cruel.” Todo o caso mostra como a lei penal está antiga e ineficaz, como Jabor disse. “O sujeito (Farah Jorge Farah) que esquartejou a namorada em legítima defesa está solto. Elias Maluco, que cortou em pedaços o Tim Lopes estava em liberdade condicional, sabiam? O assassino Pimenta Neves que matou a namorada está condenado e livre.”

É incontestável que os criminosos, por meio da lei, consigam viver soltos ou sem julgamento; parece que nos dias de hoje o melhor é ser pego e deixar que a lei o liberte, ou faça com que o caso fique pendurado por anos e anos. Podemos ver com o passar dos anos que a lei realmente é cega, ou apenas aparenta ser; o cidadão possui direitos, mas existem direitos para esses monstros que encontramos soltos por aí? Para se ter direitos, tem que ser cidadão e cidadania é merecimento. “O crime é rápido. A lei é lenta.”

(Texto produzido no primeiro semestre de 2008, segundo ano de faculdade)

A volta dos que não foram

É difícil destacar-se num mercado saturado com tantos artistas e lançamentos de CDs. A banda Del-O-Max, de Campinas, encontrou uma fórmula de sobressair-se no meio da multidão. Lançou ano passado seu álbum mais recente, Too Hard, em formato de vinil – aqueles “bolachões” que dominaram o mercado fonográfico entre as décadas de 50 e 80. A banda resolveu arriscar ao notar que o número de consumidores em busca desse formato cresce no país e no mundo. Enquanto a tecnologia dos CDs perde espaço para os práticos aparelhos de MP3, observa-se, curiosamente, também um ressurgimento dos bolachões e das pick-ups em que eles são tocados. “O som da nossa banda tem esse lado meio retrô e o vinil parece completar aquela sonoridade que a gente estava querendo alcançar já faz tempo”, opina Guilherme Campos, guitarrista e vocalista da banda. Por via das dúvidas, o novo trabalho também foi lançado em MP3, para não discriminar os fãs. “É para quem quiser fazer download, ouvir e mostrar para os amigos”, diz Guilherme.

Mas como um formato tecnologicamente ultrapassado como o vinil, substituído pelo CD, pode voltar em plena era digital? Em parte graças aos DJs, que nunca abandonaram o formato. Os adoradores do bom e velho toca-discos também garantiram a sobrevivência desse grupo, mas o fato é que ele vêm ganhando novos adeptos. "O vinil virou um objeto de consumo atraente, ‘cool’, e teve seu charme recuperado. Enquanto o formato CD é cada vez mais questionado, o vinil manteve um público cativo", comenta o jornalista, músico e tradutor Ricardo Cruz. “Essa é uma das justificativas para o mercado de LPs estar em ascensão”. Em 2007, cerca de 1 milhão de “bolachões” foram vendidos apenas nos EUA, um crescimento de 36% nas vendas em relação ao ano anterior. No mesmo período, a queda nas vendas de CDs foi de 19%, segundo dados do Nielsen SoundScan, o sistema que reúne informações sobre o setor musical.

É possível achar lançamentos em vinil de bandas novas que vêm ganhando espaço, por exemplo, LCD SoundSystem e The Racounters, e também de artistas consagrados como Paul McCartney e Madonna, Foo Fighters e Coldplay. Ótimos relançamentos também estão pelas lojas; clássicos de Metallica a Abbey Road e Sgt. Peppers, dos Beatles, Blonde On Blonde, de Bob Dylan e Aladin Sane, de David Bowie, a Physical Graffit, do Led Zeppelin e muitos outros nostálgicos. O preço? Nas lojas brasileiras como Saraiva e Livraria Cultura, todos acima de 50 reais; já no site Amazon, a média varia de 12 a 50 dólares.

Charles Leitão, produtor musical e criador do Clube do Vinil em Campinas, também atribui o culto à sensação transmitida ao colocar a agulha sobre a bolacha preta e ouvir os artistas preferidos, com o som da época em que fora lançado. “O som do vinil é algo único”, diz Leitão. “Não consigo entrar nessa de internet, baixar as músicas e pronto. Essa coisa de você não sentir, de não conseguir pegar a música, é estranho. Eu sou da época em que se comprava vinil, se fazia coleção e havia estantes ocupando o espaço na sala só pra guardá-los. E ainda faço isso” afirma. "Você pode até baixar um disco inteiro pela internet, mas nunca terá uma contracapa autografada pelo seu guitarrista preferido, nem poderá vibrar de emoção quando encontrar aquele álbum raro dando sopa num sebo”, completa.

Em comum, muitos aficionados cultuam o ritual nostálgico de virar o disco na vitrola, apreciar as ilustrações e fotos das capas e, acredite se quiser, sentir o cheiro do pvc. No meio musical é possível encontrar histórias inusitadas como a que Maurício Struckel, guitarrista da Del-O-Max, presenciou na “banquinha” de discos que levam aos shows. ”Apareceu uma menina, pegou o disco, abriu e fez uma coisa inimaginável; começou a cheirá-lo com o maior prazer do mundo e dava para ler o lábio dela dizendo: ‘vinil, vinil!’ e continuou cheirando o disco (risos). É uma coisa que tem cheiro, que você pega”, diz.

O som emitido pelo clássico formato plástico é bastante característico. Os aficionados destacam o “chiadinho” ao fundo da música, um efeito de abafamento, que, segundo dizem, dá a sensação de a banda estar ao seu lado. Os apreciadores afirmam que, além da melhor qualidade sonora, o LP é um desafio certo ao músico. Como o vinil comporta apenas 10 ou 12 músicas, o artista tem de realmente selecionar o repertório escolhido para cada álbum. Um dos problemas do disco de vinil é a sua durabilidade. “A do CD é infinitamente melhor, pois, como não há atrito com agulha, a mídia não se deteriora como ocorre com o vinil e a fita magnética cassete”, ressalta Tomi Terahata, consultor de tecnologia musical e técnico de som na EM&T - Escola de Música e Tecnologia. “Mas os CDs deixam os graves menos envolventes e os agudos um pouco mais agressivos, estridentes”, afirma. Em meio ao debate sobre a fidelidade do CD comparada à do vinil, não deixa de ser irônico que ambas as mídias tenham sido superadas por um formato, o do MP3, baseado na compressão de arquivos digitais e na perda de qualidade sonora.

A venda de discos usados é um motor importante do mercado do vinil. A chama do LP é mantida acesa por meio do grande número de sebos, além de sites de vendas, como eBay e Mercado Livre. Usuários do eBay compram 6 discos de vinil a cada minuto, ou 3 milhões de discos ao ano. Uma média incrível para um formato “morto”, não? Existem várias lojas especializadas nas antigas bolachas. Nelas, é possível encontrar desde ofertas que não pesam tanto no bolso até raridades com preços estratosféricos. A Riva Rock Discos, em Campinas, trabalha há mais de sete anos no ramo dos discos, tanto os clássicos de vinil, na maioria de segunda mão, quanto os desacreditados CDs. “Vendo LPs para garotos de 10 anos a pessoas de 60. Todo mundo vem”, comenta Riva, que, por meio de sua loja, procura misturar os diversos estilos musicais como forma de acoplar as pessoas ao vasto e diversificado mundo da música. “A gente procura ter tudo sem discriminação; desde Jazz, do Blues mais primitivo até o Death Metal.” Foi Riva quem ajudou a banda Del-O-Max a amadurecer a idéia de lançar o novo trabalho em vinil. “Foi uma das melhores coisas que já fizemos”, diz. Riva tenta ajudar bandas que considera interessantes a gravarem demos e ainda produz eventos para a divulgação de artistas cultuados. “No rock, há muita injustiça. Muita gente foi esquecida e outras pessoas fizeram sucesso em cima deles. Então, a gente procura divulgar todos”, afirma. “A loja existe há sete anos e nesses setes anos estamos no vermelho. Mas mesmo assim tentamos ajudar”, comenta Riva, que atesta a qualidade da Del-O-Max: “Amizade a parte, a banda é boa!”

Del-O-Max:

- Guilherme Campos – Baixo e vocal

- Renato Henriques – Baixo

- Mauricio Struckel – Guitarra e vocal

- Alessandro Poeta Soave - Bateria


(Texto produzido no primeiro semestre de 2008, segundo ano de faculdade)

the pillows - Pied Piper

the pillows - Pied Piper (Edição Limitada + bônus DVD)

US$ 29.71

2008 é o ano do lançamento do novo CD de inéditas do the pillows, conhecido principalmente por participar da trilha sonora de FLCL (Furi Kuri) e de Berserk. Na edição limitada desse novo trabalho, encontra-se um DVD bônus com dois music-videos exclusivos de uma das bandas de sucesso do Japão; que possui passagens nos EUA e México.


(Nota produzida para revista Animation Invaders, segundo semestre de 2007)

A Música Morreu

Dia 6 de setembro do ano de 2007 foi marcado por mais uma perda no mundo da música, o tenor italiano Luciano Pavarotti com seus 71 anos, bem vividos e trabalhados, de vida. A notícia da morte de uma das mais belas vozes conseguiu abalar o mundo, até mesmo arrancar um pronunciamento do Papa Bento XVI, o qual disse que Pavarotti honrou o dom divino da música. A voz do tenor costuma(va) a emocionar pessoas pelo mundo em suas apresentações, neste dia emocionou o mundo novamente, porém, com seu silêncio, mas um silêncio que não permanecerá; a música tem o dom de dar vida e permanecer na eternidade.

Notamos que com o passar dos anos o mundo da música vêm sofrendo grandes, e significativas, perdas; personagens que marcaram a história da música. Perdas como: Elvis “O Rei” Presley, Freddie Mercury, Jimi Hendrix, Johnny Cash, John Lennon, Sid Vicious, Bob Marley, Chuck Schuldiner, Janis Joplin, entre muitos outros. Observe que muitos deles nunca foram esquecidos e, talvez, jamais sejam; um trabalho obrigatório para a geração atual seria de manter vivas todas as lendas da música, para que nossos filhos e filhos de nossos filhos possam escutar a boa música e não deixar que morra. Uma observação: até mesmo os próprios músicos podem matar outros, como no caso de David Bowie que matou Ziggy Stardust, personagem espacial criado por Bowie no começo de sua carreira e que, após um tempo, ele mesmo o matou em uma última apresentação avisando a todos no meio de seu show.

É incrível como nos dias de hoje poucos trabalhos na música conseguem passar algo às pessoas, criatividade e letras interessantes, até mesmo profundas, estão em extinção. A boa música está com um dos pés na cova, o corvo se aproxima na tentativa de levá-la, escuta-se ao longe a marcha fúnebre, aos poucos elevando seu volume, mostrando que a hora está para chegar; Poe diria: "É o vento, e nada mais”.

Como dizem muitos: a esperança é a última que morre, no caso, Keith Richards, Stevie Wonder e Iggy Pop seriam uma esperança? Elvis voltaria de seu planeta para nos ajudar? Os músicos antigos, ainda vivos, ajudariam na salvação auditiva mundial ou passariam despercebidos? Os músicos já mortos teriam morrido devido ao espanto do rumo da música? Analisando toda a cena atual percebemos que poucos são os salvadores da música, alguns estão se mantendo e outros surgindo, esperemos que a cada dia apareçam mais e mais salvadores na tentativa de, pelo menos, ajudarem a minoria do planeta que ainda aprecia a boa música; não que as músicas de massa sejam totalmente desprezíveis.

Ando pela rua e percebo que nada é como antes, logicamente. Não se sabe ao certo o que falta, mas percebe-se um vazio. Faço meu trabalho: acrescento ao meu mundo a música que completa, pelo menos para mim, o dia-a-dia, os fones vão aos ouvidos e tudo se abafa; os melhores amigos acabam sendo os músicos que ali estão. Os filmes conseguem retratar até que muito bem tal “realidade”, um exemplo: o belo clichê de final de filme, onde alguns personagens se encontram no carro, viajando (como queira entender), pensativos e ao fundo uma música rolando; mostrando bem a situação de toda a equipe.

Interessante como a música pode criar mundos, não somente mundos dentro dela com suas vertentes: rock, heavy metal, clássica, mpb, blues, entre outros. Os mundos podem ser criados também dentro de cada pessoa, a música tem esse poder de tirar de um local material e levar a outros inexplicáveis e inimagináveis. Ela tem o dom de arrepiar, trazer memórias, esquecer problemas e até mesmo resolvê-los; a grande cura.

Pode-se fazer música com tudo, mas não são todos que a podem fazer; ela é indomável e não abraça a todos. Tenho a idéia que não é você que encontra a música, ela que o encontra e o escolhe, e a partir disso começa entendê-la e viver dela. Alimentação a base de música, isso não ocorre em muitos nos dias atuais, acreditam que se pode vender música, um erro grave. Viver dela e para ela seria o lema ideal; a paixão. Falta a paixão pela música, coisa que existia nos antigos ídolos e que permanece nos que ainda dão o ar de sua graça.

A vida da música depende exatamente de sua paixão, tanto para ser feita, como para ser transmitida as multidões ou aos poucos.

(Texto produzido no segundo semestre de 2007, primeiro ano de faculdade)

Adeus, Lenin!

1. Sinopse narrativa:

Adeus, Lenin! conta a história de uma família que vive durante a queda do muro de Berlim, na Alemanha. Alex é um filho dedicado que tem sua mãe em coma quando o muro cai. Ela acorda depois de oito meses muito debilitada, sem poder sofrer fortes emoções. Desesperado e criativo, Alex faz de tudo para esconder a nova situação do país à mãe.

2. Contexto de produção do filme:

O diretor comentou em uma entrevista que se fascinou com a história; a combinação de humor, drama e história mundial, principalmente Alemã. Wolfgang Becker optou por um ator da Alemanha Oriental, devido ao sotaque diferente, muito típico, que pode ser percebido. Para algumas cenas, quase todos os dias aconteciam imprevistos, como chuvas e quedas de aparalhagem.

3. Desenvolvimento da narrativa:

No filme, o ano é 1989 e o muro que divide Berlim em duas está prestes a cair. O Muro de Berlim foi uma realidade e um símbolo da divisão da Alemanha em duas entidades estatais, a República Federal da Alemanha (RFA) e a República Democrática Alemã (RDA). Este muro, além de dividir a cidade de Berlim ao meio, simbolizava a divisão do mundo em dois blocos ou partes: Berlim Ocidental (RFA), que era constituído pelos países capitalistas encabeçados pelos Estados Unidos da América; e Berlim Oriental (RDA), constituído pelos países socialistas simpatizantes do regime soviético.

A Alemanha Oriental vive dias de profunda mudança. Para uns, tudo caminha da maneira certa, para outros nada de bom está por vir. Neste ambiente de surpresas e inseguranças vive uma família que sente de forma bastante intensa todos os acontecimentos. Alex Kerner (Daniel Brühl) não tem grandes opiniões formadas sobre o momento histórico que pouco parece representar para si, mas vê a sua vida alterar-se devido ao incidente ocorrido com a sua mãe (Katrin Sass), uma entusiasta do regime comunista que - ao testemunhar a prisão de Alex em uma manifestação pró-abertura - sofre um ataque cardíaco e entra em coma.

O Muro de Berlim caiu no dia 9 de Novembro de 1989, ato inicial da reunificação das duas Alemanhas que formaram finalmente a República Federal da Alemanha, acabando também a divisão do mundo em dois blocos. Muitos apontam este momento também como o fim da Guerra Fria.

Quando Christine acorda oito meses depois, o médico revela à família que seu coração está fragilizado e que qualquer choque será fatal. A mãe de Alex recupera-se, mas o muro de Berlim já havia caído e a Alemanha se unificara com a derrocada do socialismo na Alemanha. Então, como explicar à mãe que o muro de Berlim caiu enquanto ela convalescia e que as duas Alemanhas foram unificadas sob um governo capitalista?

A solução encontrada por Alex é aparentemente simples: Manter, pelo menos dentro do apartamento da família, a Alemanha Oriental viva. Nesse contexto, Alex tenta de todas as maneiras, no início do retorno de sua mãe à realidade, não mostrar a nova Alemanha: em adaptação ao capitalismo, mostrado muito bem no filme, com o exemplo dos caminhões e propagandas da marca mundial, a Coca-Cola. Com um toque de humor misturado com drama o filme consegue, muito bem, mostrar a situação de mudança de rumo de um país que adotou uma nova forma de governo.

Obs: Outro filme que se passa um pouco antes da queda do muro é: “O que fazer em caso de incêndio?”

4. Comentário pessoal:

Para quem não tem muita noção de história, o filme também vale a pena, pois o que move a trama é o relacionamento de personagens muito bem construídos e interpretados, o amor de um filho por sua mãe, qualquer platéia no mundo poderá se identificar. Mas juntamente com o contexto histórico, o filme se torna mais interessante e até mais cômico. Um filme que entrou na lista dos favoritos por ser original e divertido; consegue misturar drama e comédia sem perder o ritmo.

5. Ficha Técnica:

Adeus Lenin! (Good Bye, Lenin!, 2003)
Direção: Wolfgang Becker
Roteiro: Wolfgang Becker, Bernd Lichtenberg
Gênero: Drama/Comédia
Origem: Alemanha
Duração: 121 min / Argentina:112 min

(Resenha produzida para Análise de Filme, Análise de Sociedade - segundo semestre 2007, primeiro ano de faculdade)

Iron and Wood

Playing Colors

Gêmeos Não-Idênticos

A Porcelain Face and A Heart of Glass

Dança com Lobos

1. Sinopse narrativa:

John Dunbar é tenente durante a Guerra Civil Americana, depois de uma bem-sucedida batalha em Dakota, em 1863, o tenente é recebido como herói e decide servir numa região, no oeste, povoada por índios da tribo Sioux. Com o passar do tempo, e com a convivência com os índios, vai adquirindo costumes e a confiança de seus “vizinhos” e acaba se envolvendo com uma mulher branca que era criada pelos Siouxs.

2. Contexto de produção do filme:

Dança com lobos foi o primeiro filme dirigido pelo ator Kevin Costner e foi escrito por Michael Blake, amigo de Costner e foi ele mesmo que o convenceu a escrever o livro. As idéias dos dois nem sempre eram as mesmas, chegando Blake a pensar que o filme não daria certo, errando. Costner optou que os índios falassem em Lakota, língua indígena, e legendas fossem colocadas para os diálogos, pessoas criticavam e diziam que não daria certo. Uma tradutora indígena foi contratada na Reserva para ajudar os atores nas falas e também a traduzir as falas do roteiro original para lakata e uma das dificuldades que alguns que trabalhavam possuíam línguas diferentes, pois eram de tribos diferentes. Nenhuma búfalo foi machucado no filme, para as mortes foram usados bonecos de tamanho real. Costner optou por nativos do que colocar atores parecidos com índios, para dar mais veracidade e também para o filme possuir uma essência. O orçamento foi de quinze milhões de dólares, sendo que apenas nos Estados Unidos, o filme arrecadou mais de 180 milhões de dólares. Ganhou 7 Oscars, nas seguintes categorias: Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Fotografia, Melhor Trilha Sonora, Melhor Edição e Melhor Som. Foi ainda indicado em outras 5 categorias: Melhor Ator (Kevin Costner), Melhor Ator Coadjuvante (Graham Greene), Melhor Atriz Coadjuvante (Mary McDonnell), Melhor Direção de Arte e Melhor Figurino, além de muitos outros prêmios.

3. Desenvolvimento da narrativa:

O começo do filme se passa em 1863, durante a Guerra Civil Americana, onde Tenente John Dunbar (Kevin Costner) com sua perna correndo perigo de ser amputada após ser ferido decide tentar se matar, pegando um cavalo e correndo além de suas trincheiras para a trincheira inimiga, mas acaba incentivando seus colegas de guerra, que acabam por começarem um ataque e ganhando tal região disputada. Dunbar depois de tal ato é considerado um herói de guerra, é condecorado, e por mérito acaba ganhando o cavalo que usou no combate, tem sua perna tratada e ganha o direito de escolher onde gostaria de servir. O tenente acaba escolhendo servir em um posto na fronteira, a oeste do país, com a idéia de conhecer a região e recomeçar sua vida longe de tudo, assim mostrando bem a época do rumo ao oeste, onde muitos com o passar dos anos foram também seguindo para esse lado com a idéia de colonização e conquistas de novas riquezas. Tal atitude de se deslocar longe de tudo e perto dos índios deve-se ao fato da imagem que era criado em cima do índio e sua cultura e a vontade de um homem de saber com seus próprios olhos se tudo o que falavam era realmente verdade. Ele com um ajudante, para levá-lo até o local de sua escolha, acabam passando dias viajando e vendo como essas terras eram pouco povoadas e de grandes extensões. Encontrando um posto abandonado no meio de seu caminho, decide parar por ali e descarregar seus objetos e mantimentos, escolhendo ficar neste lugar, que já fora utilizado uma vez, para manter seu posto e esperar que outros homens venham para ficarem no lugar e começaram uma busca (exploração) pela região nova. Na volta de seu ajudante para a cidade, acaba sendo atacado por índios de uma tribo inimiga dos Sioux, dando a entender que os índios são cruéis e assassinos, que acabam levando a generalização de que todos os índios eram assassinos e ladrões, assim tenho a visão de somente uma cultura de muitas do oeste.

Vivendo no acampamento, o tenente acaba, um dia, tendo seu primeiro contato com um índio, que passava pela região e ficou curioso para saber de quem era ou se havia alguém no local e tenta pegar o cavalo do tenente. Os dois acabam se encontrando e o índio, assustado, foge de Dunbar. Após alguns dias Dunbar decide fazer contato com o resto dos índios e no caminho encontra uma bela moça, Mary McDonnell, que estava ferida e acaba a levando para a tribo, onde a recepção dos índios não é tão calorosa com um homem branco. A bela moça era uma mulher branca, que foi acolhida pelos índios quando era pequena e cresceu e viveu no meio deles, aprendendo sua língua e cultura e agora sendo chamado de Dança com Lobos, sendo considerado da tribo.

Alguns dias depois, os índios e o tenente fazem mais um contanto, ainda com tom desconfiado, mas com um certo progresso, e assim vai durante muitos dias e a cada dia um ganhando a confiança do outro. Por meio da moça, De Pé com Punho, Dunbar e os índios se comunicam, ela ainda possuía memórias de seu passado onde falava inglês. Os medos que os mantinham afastados são superados pela vontade de entender o outro, o diferente, e, principalmente, pela necessidade do contato humano. Mais tarde com a confiança já conquistada, o tenente e os índios saem em uma caçada aos búfalos. Com uma caçada bem sucedida e com Dunbar salvando a vida de uns dos índios, ele acaba ganhando maior confiança e respeito, e nestas cenas após a caçada mostra-se bem o modo de troca de objetos, caso se encontra um de outra pessoa, tem que dar algo como forma de retribuição – escambo. Dunbar com o tempo vai aprendendo a língua nativa dos índios e convivendo mais e mais com eles e ganhando sentimentos por De Pé com Punho, que estava de luto por conta de um marido morto recentemente.

Um tempo depois, Sioux acaba se confrontando com sua tribo rival, que havia atacado o companheiro de Dunbar no começo do filme, no contexto histórico nota-se a questão da conquista de terras como forma de poder por parte dos índios. O tenente da suas armas aos índios como forma de melhor ataque contra seus inimigos, mostrando como o homem branco afeta/afetaria a vida dos nativos, mudando seus modos e/ou incorporando outros. Um tempo depois, antes da chegada do inverno e depois do casamento entre Dunbar – Dança com Lobos - e De Pé com Punhos, os índios decidem mudar de terras, para maior proteção contra o frio que estava por vir. Dunbar lembra que esqueceu seu diário que conta de tudo sobre os índios e até como encontrá-los e decide voltar a seu acampamento para pegá-lo, na volta ele nota que mais homens (brancos) estavam por lá, acontecendo o previsto de que mais homens viriam para a colonização da região, e quando se aproxima acaba sendo confundido com índio, assim eles fizeram um ataque, matando seu cavalo e ele sendo levado preso para seu próprio acampamento. Acaba sendo considerado um traidor pelos homens, também militares, e decidem o levar preso de volta para cidade e lá seria enforcado caso não contasse onde os índios estivessem. Por conta da demora, alguns índios foram mandados para ver o que havia acontecido com Dança com Lobos. Assim, os índios acabam o encontrando e decidem ajudar atacando os militares e salvando Dunbar. Voltam para o novo acampamento dos índios, onde Dunbar se reencontra com o resto da tribo e depois de um tempo decide que ali não seria seu lugar, pois é um homem branco no meio dos índios e acha que o melhor, tanto para a tribo quanto para ele e sua mulher, seria ir embora. Depois de uma despedida, cada um acaba seguindo seu rumo, mesmo opostos. E no final, mais homens aparecem nas terras onde estavam, porém, os índios, não estavam mais no local – dando a idéia que mais homens brancos viriam e tomariam terras indígenas e os expulsariam. No contexto histórico, muitos índios foram mortos durante tal época, escravizados e tiveram suas terras tomadas, mas hoje em dia isso está mudando, os índios estão comprando suas terras de volta nas antigas regiões que ocupavam e não mais fazendo invasões como antes.

4. Comentário pessoal:

Um belo filme que mostra bem a situação da época, a colonização do oeste e a relação entre nativos e homens brancos, pacífica ou não, mas defendendo principalmente o lado indígena – digamos que o heroísmo é usado contra a América. Mostra também o lado dos índios que normalmente não é visto, sendo sempre mostrado como o selvagem assassino; e também com a idéia de demonstrar o choque cultural que se dá, ou dava. Imagens, trilha sonora e atuação de todos os personagens acabam se destacando, pelo fato dos índios terem sido feitos por nativos e com a ajuda de tradução de uma nativa.

5. Ficha Técnica:

Título Original: Dance with Wolves

Tempo de Duração: 180 minutos

Ano de Produção: 1990

Diretor: Kevin Costner

Roteiro: Michael Blake, baseado em livro de Michael Blake

Música: John Barry

País Original: Estados Unidos da América

(Resenha produzida para Análise de Filme, Análise de Sociedade - primeiro semestre 2007, primeiro ano de faculdade)

Sempre Alerta

O texto “Sempre Alerta” de Jorge Cláudio Ribeiro comenta e define sobre as condições e contradições do trabalho jornalístico, o dia-a-dia de jornais, os meios de aumentar a produtividade, tensões e também sobre a vida do jornalista. Ribeiro tenta mostrar a dificuldade de ser um jornalista e também chama atenção para os modos que a indústria da imprensa utiliza para o maior rendimento.

Nos jornais existem os jogos de poderes e suas várias formas. Na identidade de um jornal um dos elementos característicos é o poder exercido sobre os jornalistas, sendo que está nas mãos do empresário a maior parcela de poder. Donos de jornais com seu poder manipulam diretamente os jornalistas, a exemplo de Assis Chateaubriand com seu subordinado Samuel Wainer que Jorge cita em seu texto.

Ribeiro comenta outra forma de aliciamento, que é o de promessas. Redações criam seus próprios modelos de grandes jornalistas que não possuem grandes idéias e a maior parte de seus textos, opiniões e atitudes, são copiados. Jovens jornalistas dessa forma tentam garantir seu espaço deixando seu nome na assinatura do jornal, para ganhar visibilidade. Com tal sistema de estímulo e pressão, os jornalistas acabam a cada dia disputando entre si o reconhecimento de seu chefe e a busca de pautas mais promissoras.

Outro modo da empresa conseguir que o jornalista acompanhe o ritmo, as exigências e métodos de produção, é por meio da coerção. Jorge comenta que com ela se articula disciplina, anonimato, tensão produtiva e sensações. O chefe tem o dever de tomar as decisões, definir o que será usado e o que será eliminado. O trabalho mental reprimido na oficina faz com que o trabalhador perca o poder de interferência sobe o processo de produção, e o poder de planejamento e decisão ficará nas mãos da gerência, lembrando muito o modo taylorista de produção. Assim, o jornalista chega a perder certos direitos e ficar no anonimato, sendo mais identificado por seus erros que por sua assinatura nas matérias.

Neste sistema, com a saída do patrão que alimentava o superego do funcionário, entra em cena o administrador, acabando o diálogo direto com a direção. Raul Drewnick relata: “O patrão dá razão ao nosso pedido, mas diz que não se pode mudar mais, pois tem um compromisso com a administração. Agora os demitidos não têm o recurso de falar com o patrão, como antes, quando conseguíamos reverter. Com esse esquema, o patrão se livra do desgaste pessoal de ter de demitir gente que ele conhece”.

No jornalismo a tensão está em todos os lugares, das tarefas mais simples até nos comentários de colegas, sendo um dos meios de extrair produtividade do trabalhador. O fechamento da edição, em que se passa o material da redação para as oficinas, é a hora mais tensa. O Manual da Folha comenta o fechamento como: “É a conclusão do trabalho de edição. Quem fecha, precisa ter uma visão de conjunto da edição e de suas etapas, desde a produção. [...] Quem fecha, tem que se dispor a reabrir o que já está fechado, sempre que um imprevisto relevante assim o exigir. Cada atraso no fechamento resulta em perdas de circulação”. O jornalista é um ser que não pára, deve estar, como diz o título de Ribeiro, sempre alerta e preparado para todas as situações com ritmo de vida de uma pessoa que escolheu uma das profissões mais importantes. Outra forma de produzir tensão é sonegar estímulo, os chefes, sempre que possível, irão dar um jeito de criticar o melhor texto, somente para mostrar ao jornalista que ele não está com toda essa bola. A rotatividade também é um dos principais geradores de tensão, por exigir adaptação a novas situações dentro de curtos períodos de tempo. Cláudio Abramo afirma: “Donos de jornal não gostam de gente forte na redação; ficou forte, eles eliminam”.

Entregando-se por completo à atividade, o jornalista acaba imitando modelos e estilos de textos de outros, esquecendo a própria opinião. Nem sempre o jornalista mais dedicado será o melhor ou o mais requisitado, nessa profissão tentar ser o melhor e o mais competente, sem perder a humildade, é um dos meios de sucesso e reconhecimento no trabalho e na vida, tentando não se abater com as críticas.

(Texto produzido no primeiro semestre de 2007, primeiro ano de faculdade)

Cansei - Movimento Cívico pelo Direito dos Brasileiros

Cansei! Muitas pessoas já devem ter ouvido tal exclamação de algum parente, amigo ou apenas conhecido sobre toda a algazarra que a política brasileira se encontra. Não se encontra com facilidade protestos contra a política “atual” de nosso amado país: o Brasil.

“Cansei de tanta corrupção” é o tema do Movimento Cívico pelo Direito dos Brasileiros, liderado pela Ordem dos Advogados do Brasil – OAB de São Paulo - e outras entidades, que visa sensibilizar os brasileiros a fazerem um minuto de silêncio às 13 horas do dia 17 de agosto, data que o acidente com o avião da TAM completará 30 dias.

Qualquer indivíduo possui o direito, como brasileiro, de protestar em “amor ao Brasil” contra todos os problemas que andam surgindo e os que nos perseguem há muito tempo ao longo da história do país. É um direito cívico. Não se trata apenas de um minuto de silêncio, o ponto de tal manifestação é por meio do debate, que será aberto com toda a repercussão do ato, conseguir abrir os olhos do povo. A ação acabou ganhando seu espaço com campanhas publicitárias em jornais e revistas, televisão, rádio e on line; tamanha foi sua repercussão que diversas pessoas aderiram ao movimento, como por exemplo o Grupo Jovem da cidade de Indaiatuba.

Em Indaiatuba, o Movimento Jovem tenta organizar e promover a realização da ação, primeiramente para ocorrer na Praça D. Pedro II, no centro da cidade. O Movimento Jovem de Indaiatuba, composto no total por 186 pessoas, já está se organizando para que o gesto também ocorra em seu município e com o desejo da adesão de toda a população; 20 pessoas do grupo já estão encarregadas de convidarem mais pessoas para participar da ação.

Segundo a presidente da OAB-Indaiatuba, Rosana Petrilli, a sede local não recebeu uma determinação de como deverá se posicionar nesta campanha. Ela conta que também não foi procurada ainda por nenhum membro da sociedade para realização a ação no município. Com o encontro de Petrilli e o presidente da OAB-SP acredita-se que, logo, saberemos como a subseccional deverá agir sobre tal caso.

Qualquer movimento de protesto pacífico tem o direito de acontecer sem nenhuma forma de repressão, já que vivemos em um país livre e democrático.

(Texto produzido no primeiro semestre de 2007, primeiro ano de faculdade)